terça-feira, 1 de junho de 2010

Educação e Cibercultura

EDUCAÇÃO E CIBERCULTURA


Toda e qualquer reflexão séria sobre o devir dos sistemas de educação e formação na cibercultura deve apoiar-se numa análise prévia da mutação contemporânea da relação com o saber. A esse respeito, a primeira constatação envolve a velocidade do surgimento e da renovação dos saberes. Pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das competências adquiridas por uma pessoa no começo de seu percurso profissional serão obsoletas no fim de sua carreira. A segunda constatação, fortemente ligada à primeira, concentra à natureza do trabalho, na qual a parte de transação de conhecimentos não pará de crescer. Trabalhar equivale cada vez mais a aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos. Terceira constatação: o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e alteram muitas funções cognitivas humanas: a memória como bancos de dados, hipertextos, fichários digitais, numéricos de todas as ordens, a imaginação (simulações), a percepção -sensores digitais, telepresença, realidades virtuais, os raciocínios usando a inteligência artificial, além da modelização de fenômenos complexos.

As tecnologias intelectuais favorecem novas formas de acesso à informação, como: navegação hipertextual, caça de informações através de motores de procura, knowbots, agentes de software, exploração contextual por mapas dinâmicos de dados, novos estilos de raciocínio e conhecimento, tais como a simulação, uma verdadeira industrialização da experiência de pensamento, que não pertence a e dedução lógica, nem à introdução a partir da experiência.

Devido ao fato de que essas tecnologias intelectuais, sobretudo as memórias dinâmicas, são objetivadas em documentos numéricos (digitais) ou em softwares disponíveis em rede ou de fácil reprodução e transferência, elas podem ser compartilhadas entre um grande número de indivíduos, incrementando, assim, o potencial de inteligência coletiva dos grupos humanos.

O saber de transação deste conhecimento, as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva estão modificando profundamente os dados do problema da educação e da formação. O que deve ser aprendido não pode mais ser planejado, nem precisamente definido de maneira antecipada. Os percursos e os perfis de competência são, todos eles, singulares e está cada vez menos possível canalizar-se em programas ou currículos que sejam válidos para todo o mundo. Devemos construir novos modelos do espaço dos conhecimentos. A uma representação em escalas lineares e paralelas, em pirâmides estruturadas por mapas conceituais organizadas pela noção de pré-requisitos e convergindo, tornando-se necessário criar seu próprio percurso se preferir a imagem de espaços de conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxos, não lineares, que se reorganizam conforme os objetivos ou contextos e nos quais cada um ocupa uma posição singular e evolutiva.

Assim sendo, tornam-se necessárias duas grandes reformas dos sistemas de educação e formação. Primeiro, a adaptação dos dispositivos e do espírito do aprendizado aberto no seu cotidiano e da educação em pratica . Na verdade a Educação da Cibercultura explora certas técnicas de ensino muito rico em aprendizagem interagindo com as redes interativas de comunicação, e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. O essencial, porém, reside num novo estilo de pedagogia que favoreça, ao mesmo tempo, os aprendizados personalizados e o aprendizado cooperativo em rede. Nesse quadro, o cursista vê-se chamado a tornar-se um criador, e produtor de sua imaginação sabendo compartilhar sua inteligência individual com a coletiva os seus grupos, em vez de um individualista mas sim um companheirismo, compartilhando os seu conhecimentos.

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